Adam Riess diz que não acreditou no que havia descoberto
Foto: Carla Ruas/Especial para Terra
Saiba o que é energia e matéria escura e mais
Assim que terminou sua pesquisa, Riess mandou uma série de e-mails para colegas espalhados por todo o mundo pedindo que eles lhe ajudassem a achar o erro que havia cometido. "Alguns me disseram para ter cuidado ao divulgar esses dados porque eu iria me sentir um idiota em pouco tempo. Outros disseram: Se até Einstein errou porque você não estaria errando também?".
Mas após relutar por varias semanas Riess resolveu arriscar e publicar os resultados. "Achei que seria uma boa ideia para que outros cientistas pudessem verificar e, se fosse o caso, contestar os meus dados", diz. Mas a descoberta, divulgada em 1998, foi recebida com entusiasmo no mundo da ciência e ganhou diversos prêmios ate ser indicada para o prêmio Nobel, em 2011.
A prova de que existe uma energia que repele os corpos celestes no espaço vazio foi considerada revolucionária no estudo da expansão do universo. Este achado pode ajudar a prever o futuro do Sistema Solar e a explicar do que é composto o espaço: "Na receita do universo, a energia escura pode ocupar ate 70% da área, enquanto planetas, estrelas e gás apenas 5% e o restante seria matéria escura, outra substancia que pouco conhecemos", afirma.
Einstein estava certo
O motivo pelo qual Riess ficou tão surpreso com seu resultado foi porque a teoria da energia escura já havia sido levantada por Einstein em 1917 - mas depois foi considerada o maior erro da sua carreira. "Einstein acreditava que o universo era estático por causa da combinação entre a atração natural dos corpos celestes e uma constante cosmológica de repulsão, que seria a energia escura. Mas quando descobriram que o universo não estava parado, sua teoria foi ridicularizada".
Oitenta anos depois, Riess chegou à conclusão de que a constante cosmológica de Einstein estava certa. Seria a única explicação para os resultados que encontrou ao estudar as supernovas. "Eu medi a distância delas através da intensidade do seu brilho e a velocidade pela cor do comprimento de onda e percebi que elas estavam se distanciando cada vez mais rápido com o passar do tempo".
Mas Riess admite que para isso teve uma grande vantagem sobre Einstein: usou telescópios de alta tecnologia que só foram disponibilizados nos últimos 10 anos. Eles permitem a captura de imagens de grandes áreas do espaço com infra-vermelho e alta resolução. "Só existe uma supernova na galáxia a cada 100 anos. Mas eu pude observar milhares de galáxias de uma só vez com grande precisão", explica.
Riess realizou sua descoberta enquanto era pesquisador da Universidade da California-Berkeley, mas agora é professor de física e astronomia na Universidade Johns Hopkins. Ele recebeu o prêmio Nobel em dezembro, na Suécia, junto com um cheque de US$ 1,49 milhão que dividiu com os colegas Brian Schmidt, da Universidade Nacional Australiana, e Saul Perlmutter, da Universidade da Califórnia-Berkeley.
- Especial para Terra
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