sábado, 9 de junho de 2012

Alto custo e falta de incentivo atrasam energia solar no País

Com área de 12 mil m² e 4.680 painéis solares, a Usina Solar Tauá, do Grupo MPX, do empresário Eike Batista, é a primeira do País dedicada à produção dessa energia para fins comerciais, ligada ao Sistema Elétrico Nacional - que concentra todas as fontes, como hidrelétrica, termelétrica e eólica. Inaugurada em 2011 em Tauá (CE), a usina tem capacidade de geração de energia de 1MW, correspondente ao consumo de 1,5 mil residências, e previsão de duplicação dessa capacidade ainda neste ano.

Como em outros países que já utilizam a energia solar em grande escala, a área de instalação da usina foi escolhida pela grande incidência de sol. Segundo a Agência Internacional de Energia, a energia solar é a que mais cresce no mundo, a que reduz os custos mais rapidamente hoje em dia e uma aposta para uma matriz mais limpa nos próximos anos. No Brasil, de acordo com especialistas, o alto custo de produção e a falta de incentivos ainda atrasam o crescimento desse tipo de fonte energética.

Segundo a professora Izete Zanesco, da faculdade de física e do programa de pós-graduação em engenharia e tecnologia de materiais da PUCRS, é necessário ter em conta o benefício ambiental gerado pela energia solar, que ainda esbarra nos altos custos em comparação com outras fontes, como eólica e hidrelétrica. "Nesse processo, se tem uma produção de energia elétrica silenciosa e sem resíduos, mas se você não considerar os problemas ambientais causados pelas outras fontes, ainda existe a questão do custo. Comparando com a hidrelétrica e eólica, a solar ainda é cerca de três vezes mais cara", diz.

A professora destaca que tanto o custo quanto a quantidade de energia solar produzidas por uma usina variam de acordo com a radiação no local, o que faz com que países como Espanha e Itália, com temperaturas frias no inverno, mas com grande incidência, sejam ideais para a produção, com usinas de capacidade em torno de 50 MW. "Em 2011, o crescimento da energia solar no mundo foi de 40%. E no Brasil, como estamos? Temos tecnologia e conhecimento, como centros de pesquisas nas universidades, mas ainda não temos nenhuma política governamental para essa área, apesar da regulamentação", aponta Izete, para quem o crescimento da produção de energia solar depende diretamente do incentivo governamental, bastante forte em países como Itália e China.

Dessa forma, ressalta a professora, iniciativas como a Usina de Tauá e o projeto Megawatt Solar, da Eletrosul em Florianópolis (SC), ainda em processo de desenvolvimento, mostram o crescimento da produção de energia solar no País, mas não garantem, por si só, um fortalecimento da fonte energética nos próximos anos. "São várias ações simultâneas que estão ocorrendo, mas é difícil dizer se esses exemplos vão influenciar significativamente no crescimento da produção de energia solar no País", destaca Izete.

Para alguns especialistas, o alto custo ainda é um grande impedimento para se investir pesadamente na produção de energia solar no Brasil. "Do ponto de vista econômico, ainda é muito caro, e, por uma questão de custos, o País deve investir em outras fontes energéticas", defende o professor e pesquisador do laboratório de energia solar da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Antonio Pralon. "Nós também temos muitas fontes renováveis de energia, como biomassa, e seria muito mais interessante que o País tivesse um sistema integrado de energia eólica e hidrelétrica", acrescenta.

Pralon acredita na importância de se investir agora em fontes como a eólica, e que a solar deve ser incentivada também, mas não de forma prioritária. "É algo para o futuro. Em cerca de 10, 15 anos, acho que ela poderá ser comercialmente viável. No momento, temos que priorizar as fontes menos custosas", destaca.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra

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