O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, anunciou nesta sexta-feira que fará uma devassa na indústria espacial após uma nova série de fracassos como a colocação em órbita de um satélite russo e outro indonésio.
"Não sei a razão da perda dos satélites, seja o bloco de propulsão, falhas mecânicas ou a tradicional negligência, ou tudo junto (...), mas agora não podemos continuar assim", afirmou Medvedev, citado pelas agências russas.
"Devido aos reiterados erros do programa espacial russo, perdemos prestígio e bilhões de rublos", acrescentou Medvedev.
"Eu gostaria de realizar na próxima semana uma reunião sobre este assunto. O vice-primeiro-ministro e as correspondentes estruturas vão prepará-la. Eles devem apresentar propostas sobre quem castigar e daí o que fazer depois", assinalou.
Nesta semana a Rússia não conseguiu pôr em órbita os satélites russo Express-MD2 e indonésio Telekom-3 por causa de uma falha no bloco acelerador do foguete portador russo Briz-M, que já tinha falhado em outras ocasiões.
Fontes da indústria espacial russa avaliam em 6 bilhões de rublos (quase US$ 200 milhões) as perdas ocasionadas pelo fracasso da missão.
A agência espacial russa, Roscosmos, e toda a indústria espacial nacional estão no olho do furacão devido aos contínuos erros, justamente quando a Rússia foi em 2011 a líder em lançamentos com 32 contra 19 chineses e 18 americanos.
Segundo o diretor da revista "Notícias de Cosmonáutica", Igor Lisov entre a queda da URSS e 2007 o programa espacial russo "teve um financiamento estatal abaixo do mínimo de subsistência" e que o recente aumento do investimento só será notado na qualidade do trabalho dentro de cinco anos.
Além disso, acrescenta-se "o envelhecimento dos especialistas, obsolescência das equipes, a interrupção da produção de alguns componentes e materiais, e do trabalho em certos campos da cosmonáutica".
Devido aos baixos salários, a grande maioria dos especialistas da indústria espacial russa tem mais de 60 anos ou menos de 30, o que põe em sério perigo o futuro do setor. EFE
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