quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cientista da Nasa defende fracasso na reunião do clima

O cientista James Hansen, que há duas décadas alertou o mundo sobre o perigo do aquecimento global, acredita que seria melhor para o planeta e as futuras gerações que a cúpula de mudança climática de Copenhague terminasse em fracasso. Em entrevista publicada nesta quinta-feira no jornal The Guardian, Hansen disse que qualquer acordo seria tão "desastroso" que seria preciso começar tudo outra vez do zero. As informações são da EFE.

Analista do Instituto Goddard de Estudos do Espaço da Nasa em Nova York, Hansen opina que o melhor é avaliar novamente a situação. "Toda a abordagem está tão fundamentalmente errada que é melhor reavaliar a situação. Se é algo assim como o (protocolo) de Kioto (sobre mudança climática), então (as pessoas) passarão anos tratando de estabelecer exatamente o que significa", assinalou Hansen sobre o eventual acordo em torno do qual líderes mundiais buscarãoi consenso na cúpula da ONU em Copenhague.

O jornal afirma que os quatro principais emissores de gases poluentes - EUA, China, União Europeia e Índia - puseram sobre a mesa ofertas sobre as emissões. Hansen fez um esforço maior que qualquer outro cientista para conscientizar os políticos sobre as causas do aquecimento global e incentivar para que tomem medidas para evitar consequências catastróficas, comenta o periódico britânico.

O especialista critica os políticos porque acredita que fracassaram no cumprimento com o que considera que é o desafio moral de nosso tempo. Na opinião dele, não pode haver compromisso por parte dos políticos ao abordar o problema da mudança climática. "Isto é semelhante ao assunto da escravidão que afrontou Abraham Lincoln e do nazismo que afrontou Winston Churchill", disse.

"Sobre esse tipo de coisas não pode haver compromisso. Um não pode dizer, vamos reduzir a escravidão, busquemos um compromisso de reduzi-la em 50% e 40%", afirmou. Hansen explicou que foi obrigado a falar sobre a mudança climática diante da perspectiva que haja secas, inundações e crise de fome.

Hansen também se opõe fortemente aos esquemas de créditos de carbono, em que autorizações para poluir são compradas e vendidas, e defende taxação sobre uso de energia, segundo a Reuters.

Na quarta-feira, um documento assinado por China, Brasil, Índia e África do Sul rejeitou as principais metas propostas pela Dinamarca, como a redução pela metade das emissões globais de gases do efeito estufa até 2050, em comparação aos níveis de 1990.

A cúpula de Copenhague, a Cop15, começa no próximo em 7 de dezembro. Os líderes terão o dia 18 do mesmo mês para chegar a um acordo.

Nenhum comentário: