"Se o Higgs existisse em alguma dessas massas altas, eles teriam antecipado sua descoberta muito rapidamente", diz Darien Wood, físico de partículas da Universidade Northeastern, em Boston, Massachusetts, e porta-voz do DZero, um dos dois principais experimentos do Tevatron. Os resultados baseiam-se em todos os dados coletados desde 2001 pelo DZero e por seu experimento-irmão, o Detector de Colisões do Fermilab (CDF), que estuda os resíduos de colisões próton-antipróton.
Busca restringida
Lyn Evans, líder do projeto no LHC - que está sendo reparado após os danos que sofreu durante testes iniciais em setembro de 2008 - diz que o regime de alta massa era o lugar "óbvio" tanto para o LHC quanto para o Tevatron começarem a avançar. Isso porque existem poucos resíduos de partícula com energia tão alta, facilitando a filtragem das informações para encontrar um rastro da partícula de Higgs.
"O fato de terem descartado o Higgs nessa faixa dificultará as coisas para todo mundo", diz Evans. Os resultados do Tevatron demonstram ser muito improvável que o bóson de Higgs tenha energia entre 160 e 170 giga elétron-volts (os giga elétron-volts são a medida da energia de uma partícula proporcionalmente a sua massa).
Os empiristas vêm trabalhando com a suposição de que o bóson de Higgs fica em algum lugar entre os 114 e 185 GeV. O limite mais baixo de energia foi estabelecido pelo Grande Colisor de Elétrons e Pósitrons no CERN na década de 1990, enquanto o limite mais alto é um valor menos preciso, estabelecido por meio de evidências indiretas, como as massas do quarc de topo e do bóson de W.
Os resultados recentes, além de outras evidências, sugerem que o bóson de Higgs esteja escondido no lado mais baixo dessa escala energética. Mas, em energias mais baixas, o trabalho de filtrar outros resíduos e encontrar o raro Higgs torna-se ainda mais difícil. Mesmo que o Tevatron funcione até 2011 - algo ainda não previsto nos orçamentos anuais dos EUA - haveria uma chance de apenas 30% de encontrar evidências de um Higgs de massa baixa, segundo as palestras do Fermilab apresentadas em fevereiro na reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Chicago, Illinois.
Ajustando o modelo
Encontrar "provas" de alguma coisa, no jargão da física de partículas, está muito longe de "descobrir" alguma coisa. Se o LHC começar a funcionar no fim de 2009, ele deve rapidamente alcançar e superar a quantidade de informações reunidas pelo Tevatron, o que aumenta suas chances de fazer uma "descoberta" real - com um nível de segurança de 99,9999%.
Existe também a possibilidade de que o Tevatron e o LHC excluam o bóson de Higgs de todo o espectro de energias esperadas. Podem existir energias maiores do que 185 GeV, uma região que apenas o LHC pode explorar. Ou a partícula pode simplesmente não existir. De qualquer forma, os teóricos terão que voltar à prancheta e começar a ajustar o modelo padrão da física de partículas que, além de prever o Higgs, explica o comportamento de três das quatro forças fundamentais do universo.
E, ainda que reduzir a área de procura pelo Higgs seja importante, diz Robert Roser, porta-voz do experimento CDF, "preferimos achá-lo, e não excluí-lo".
Tradução: Amy Traduções
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