sábado, 20 de dezembro de 2008

Equipe revê explosão de estrela que morreu há 400 anos

Uma equipe de astrônomos conseguiu assistir novamente à explosão de uma estrela que morreu há mais de 400 anos através do estudo da luz refletida por nuvens distantes de poeira interestelar. Sua arqueologia astronômica pode dar pistas sobre a energia escura, uma força misteriosa que pode estar separando o universo.

Em novembro de 1572, o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe identificou algo estranho no céu noturno. "Percebi que uma estrela nova e incomum, superando em brilho as outras estrelas, irradiava quase que diretamente sobre minha cabeça," escreveu.

Brahe chamou o objeto de "stella nova", ou estrela nova, mas ela era na verdade a morte explosiva de uma estrela antiga, conhecida hoje como supernova. A supernova perdeu consideravelmente sua força desde a época de Brahe, mas pesquisadores conseguiram identificar um pouco da luz dos dias anteriores à explosão. Seu trabalho foi publicado na Nature.

"O que essencialmente fizemos aqui foi usar a poeira interestelar como um tipo de espelho," disse Oliver Krause, astrônomo do Instituto Max Planck de Astronomia de Heidelberg, Alemanha.

Quando a estrela explodiu, ela irradiou luz para todas as direções. Brahe e seus contemporâneos avistaram a luz que veio em direção ao nosso planeta, mas a luz que viajou para outras direções é geralmente refletida por nuvens de poeira interestelar. Como a luz viaja a uma velocidade finita, as nuvens de poeira a centenas de anos luz de distância do ponto de origem da supernova criam um "eco," que pode ser visto até hoje na Terra.

Aparição estelar
Astrônomos já capturaram ecos luminosos de supernovas antes, mas o da explosão de Brahe é o mais antigo já registrado na Via Láctea. Krause e seus colegas identificaram o eco usando o imponente Telescópio Subaru, de 8,2 metros, localizado no topo do Mauna Kea, Havaí. Eles conseguiram correlacionar a fraca luminescência à explosão original observando o espectro da luz e sua posição no céu. "Foi muito empolgante quando olhamos para nosso monitor e vimos o espectro da supernova de Brahe," afirma Krause.

Suas observações confirmam que a supernova é da variedade conhecida como "tipo 1a." Essas supernovas são criadas pela explosão de pequenas e densas estrelas chamadas anãs brancas. Acredita-se que elas explodam com um brilho determinado, o que as tornam boas ferramentas de aferição da distância de galáxias remotas.

Nos últimos anos, essas medições revelaram que supernovas tipo 1a estão mais distantes do que se pensava, levando pesquisadores a propor que uma misteriosa força chamada "energia escura" está afastando as galáxias entre si. Como a supernova de Brahe fica na Via Láctea, estudar seus resquícios pode ajudar astrônomos a entender melhor supernovas tipo 1a e a própria energia escura.

"É uma boa técnica," diz Adam Riess, astrônomo da Universidade Johns Hopkins de Baltimore, Maryland, que caça supernovas pelo universo. Segundo Riess, astrônomos já suspeitavam que a supernova de Brahe fosse do tipo 1a, mas as pistas eram circunstanciais. Com a observação, não restam dúvidas: "é o tipo de evidência que realmente resolve a questão," diz.

Astrônomos já capturaram ecos luminosos de supernovas antes, mas o da explosão de Brahe é o mais antigo já registrado na Via Láctea
Astrônomos já capturaram ecos luminosos de supernovas antes, mas o da explosão de Brahe é o mais antigo já registrado na Via Láctea

Tradução: Amy Traduções

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