quinta-feira, 4 de junho de 2009

Chuva de meteoritos deixou Terra mais quente, diz estudo

Uma pesquisa do Imperial College de Londres indica que uma chuva de meteoritos que atingiu a Terra e Marte há 4 bilhões de ano pode ter deixado os dois planetas mais quentes e mais úmidos. Os pesquisadores aqueceram rochas espaciais para medir os gases que teriam sido liberados quando os meteoritos entraram na atmosfera dos dois planetas.

A equipe aqueceu 15 fragmentos de meteoritos antigos recolhidos de várias partes do mundo todo usando uma técnica conhecida como pirólise. Com a técnica, que consiste no uso de eletricidade para aumentar a temperatura dos fragmentos em até 20 mil °C/s, as rochas foram transformadas em gases.

Após análise do processo, os cientistas concluíram que a tempestade de meteoritos há 4 bilhões de anos teria liberado gases suficientes para criar planetas mais quentes e úmidos, com condições mais favoráveis ao surgimento de vida. O trabalho foi publicado na revista especializada Geochimica et Cosmochimica Acta.

Fonte de água
Os cientistas descobriram que um fragmento médio de rocha liberava 12% de sua massa na forma de vapor de água e 6% como dióxido de carbono. "Devido à sua (composição) química, existem sugestões de que os antigos meteoritos foram uma forma de fornecer à Terra, logo no início, água em forma de líquido", afirmou o autor da pesquisa, Richard Court.

Em seguida, os pesquisadores do Imperial College usaram modelos matemáticos para calcular o número de impactos de meteoritos ocorridos durante um período específico, há 4 bilhões de anos, conhecido como Bombardeio Pesado Tardio (LHB, na sigla em inglês). Durante o período, um número extraordinariamente alto de meteoritos atingiu vários corpos do Sistema Solar.

Com base nas estimativas do número de impactos registrados neste período, os pesquisadores acreditam que 10 bilhões de t de água e dióxido de carbono teriam sido trazidos à Terra e a Marte a cada ano. Os cientistas sugerem que isso, por sua vez, teria levado a um aquecimento dos planetas, à formação de oceanos líquidos e a um ambiente mais habitável.

"Agora, temos dados que revelam o quanto de água e dióxido de carbono foram injetados diretamente pelos meteorito. Estes gases poderiam ter começado a agir imediatamente, estimulando o ciclo da água e esquentando o planeta", acrescentou Court. Segundo os pesquisadores, a Terra ainda se beneficia com seu campo magnético, que reflete o vento solar e que, naquele período, teria varrido para longe os gases atmosféricos que os meteoritos trouxeram.

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