quinta-feira, 18 de junho de 2009

Museu inaugura campo de minigolfe que ensina astrofísica

No verão anterior à Feira Mundial de 1964, os líderes da cidade de Nova York começaram a preparar Flushing Meadows, Queens, para o Salão de Ciências da feira. Paul R. Screvane, o então prefeito em exercício e presidente do Conselho da Cidade, previu que o pavilhão e suas "maravilhas da ciência" ainda seriam uma inspiração muito depois que a feira terminasse.

"A grandeza de Roma e da Grécia pode ser a grandeza de nosso próprio mundo", ele disse, "se simplesmente aprendermos a transformar as ciências usando-as em nossa própria vantagem."

Meio século mais tarde, seu sonho está prestes a ser realizado, próximo àquela mesma construção, que é hoje um museu de ciências. No sábado, uma exposição permanente ao ar livre será inaugurada: o minigolfe Rocket Park.

O campo de golfe em miniatura do Salão de Ciências pode não ter exatamente a grandeza arquitetural do Partenon, mas possui foguetes verdadeiros da NASA, três vezes maiores que as colunas gregas e, sob alguns aspectos, suas aspirações são mais heróicas do que qualquer coisa no fórum grego.

Acredita-se que este seja o primeiro campo de minigolfe do mundo planejado para ensinar astrofísica. Possivelmente até mesmo a pré-adolescentes.

Melhorar a ciência por meio do minigolfe pode não soar imediatamente como um avanço educativo, mas existem algumas razões para ter otimismo. Primeiro, há a genialidade para esse esporte no país. Enquanto os estudantes americanos continuam ficando para trás nos testes internacionais de ciências, desenvolvedores americanos de minigolfe há tempos lideram o mundo em tecnologias como obstáculos de moinho de vento, circuitos em espiral, pontes levadiças móveis, piratas que dão gargalhadas e vulcões fumegantes.

Segundo, existem os resultados de um experimento de minigolfe feito com alunos da quarta série, conduzido por mim junto ao astrofísico Michael Shara, do Museu Americano de História Natural. Quando ele não está supervisionando exposições ou usando o telescópio Hubble para estudar explosões de novas, Shara é um jogador de golfe com handicap 30.

Com sua ajuda, elaborei um questionário para testar os conhecimentos de física de alunos da quarta série antes e depois de jogarem golfe. Essa comparação entre avaliações "formativas" e "sumativas" é uma técnica tradicional para curadores de museu medirem o impacto de uma exposição, embora eu deva salientar que nosso experimento não foi um estudo duplo-cego rigoroso. Nossa amostra foi de duas pessoas e eu tinha uma boa ideia de quem elas eram: meu filho, Luke, e seu amigo Satya Varadarajan.

No questionário anterior ao golfe, ambos erraram a maioria das perguntas. Quando foi pedido que explicassem a falta de peso dos astronautas em órbita, eles responderam incorretamente que os astronautas estavam longe demais da Terra para serem afetados pela gravidade. Quando foi perguntado por que a gravidade da Terra não fazia com que uma nave espacial em órbita caísse, Luke disse que não sabia e Satya ofereceu uma hipótese não ortodoxa.

"A gravidade", ele explicou, "não quer que a nave caia, por isso ela não deixa que isso aconteça."

Eles pareciam candidatos excelentes para o campo de golfe Rocket Park, que recebeu o nome em homenagem aos foguetes Atlas e Titan de dez andares que se encontram do lado de fora do Salão de Ciências desde a feira de 1964. Guiado por docentes do museu (outra novidade no minigolfe), você começa sua missão de nove buracos lançando a bola através de uma "janela de lançamento" (uma versão do antigo moinho de vento) e alcançando a "velocidade de escape" apropriada.

Então, você envia a bola pelo circuito em espiral e aprende tudo sobre astronautas sem peso. Depois, você aprende sobre evitar detritos no espaço e encontrar o ângulo certo para a órbita geossincrônica - ou pelo menos é isso que você aprende se estiver lendo as placas perto dos tees, ou pinos onde a bola é colocada, e ouvindo o docente, como Shara e eu estávamos fazendo, acompanhados pelo diretor do museu, Eric Siegel.

Os participantes do nosso experimento, entretanto, já estavam cinco buracos na frente e pareciam muito mais interessados em golfe do que em física. Eu gritava pedindo que eles fossem mais devagar e prestassem atenção, mas Siegel observava os dois com a tolerância de um curador veterano.

"Sempre existe o desafio em nosso museu de acomodar o desejo das pessoas brincarem enquanto uma mudança cognitiva é transmitida", ele disse, explicando que não esperava realmente que alunos da quarta série lessem as placas. "As placas são mais para os pais, honestamente, quando há algo que eles desejam transmitir às crianças. Se você conseguir embutir a física balística real no jogo, então eles estarão de fato aprendendo enquanto brincam."

No buraco da órbita geossincrônica, onde a bola circula por uma grande tigela antes de cair no buraco, Shara mostrou aos meninos como a bola estava percorrendo arcos parabólicos que se modificavam abruptamente ou mudavam de direção.

"Isso também acontece no espaço-tempo de verdade", Shara disse, explicando como os objetos seguiam trajetos similares em um buraco negro e como a órbita parabólica de Mercúrio mudava de direção. "A gravidade do sol afeta o espaço ao seu redor, por isso Mercúrio faz a mesma coisa louca que a bola de golfe acabou de fazer."

A demonstração do buraco negro deteve brevemente a atenção dos meninos, assim como a chave de fenda rotatória no buraco do lixo espacial, mas fora isso, eles pareciam mais interessados em suas pontuações no golfe. Eu estava prestes a julgar o campo de golfe um fracasso pedagógico quando apliquei o teste de astrofísica novamente após o jogo.

Satya, aparentemente informado pela placa no buraco da chave de fenda, respondeu corretamente qual era a quantidade estimada de detritos espaciais em órbita (um milhão). Ele continuou insistindo que a gravidade não queria que as naves espaciais caíssem, mas acho que ele estava apenas se divertindo com a minha incredulidade.

Luke havia lido o suficiente no buraco do circuito em espiral para perceber que as naves espaciais em órbita ainda são afetadas pela gravidade e que as naves e seus habitantes sem peso estão na verdade caindo continuamente, mas se movendo rápido o bastante para se manterem em um arco orbital, como a bola de golfe que passa pela espiral.

No geral, as pontuações de ambos os meninos foram maiores após a partida de golfe, o que me levou a pensar se os desenvolvedores de minigolfe não deveriam começar a trabalhar em mais campos educativos. Será que estudantes de biologia poderiam aprender a lançar um vírus através das várias armadilhas do sistema imunológico? Será que uma partida de golfe que simulasse uma viagem pelo sistema digestivo poderia ser instrutiva sem causar nojo a muitos dos jogadores? Você pode ensinar mecânica quântica desenvolvendo um campo de golfe com resultados aleatórios em cada buraco - e então fazer com que estudantes de psicologia analisem as reações dos jogadores em relação aos placares enlouquecedoramente arbitrários.

Claramente, mais pesquisa é necessária. Mas por enquanto, parece seguro chamar o Rocket Park de um sucesso curatório, como concluiu Shara. "O golfe está cumprindo com a missão do museu", ele disse. "As crianças podem aprender um pouco. Os adultos podem aprender um pouco. O golfe é bom para se divertir. E os foguetes são bacanas." Nesse último ponto, os alunos da quarta série concordaram plenamente.

O minigolfe Rocket Park é uma exposição permanente ao ar livre

O minigolfe Rocket Park é uma exposição permanente ao ar livre

Tradução: Amy Traduções

The New York Times

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