sábado, 21 de novembro de 2009

Superacelerador volta a operar e deve ter ponto alto em 2010

Imagem de 2007 mostra o Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês), um superacelerador de partículas  Foto: AP

Imagem de 2007 mostra o Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês), um superacelerador de partículas

O Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês), o superacelerador de partículas desenvolvido pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), está novamente operacional, e a expectativa é que, em questão de semanas, sejam superados novos períodos-chave para chegar ao ponto alto do experimento, no início de 2010.

Quando isso acontecer, espera-se que o LHC produza centenas de milhões de choques frontais de partículas a uma velocidade próxima à da luz, um momento crucial no qual a ciência fará uma viagem rumo ao desconhecido.

No entanto, para chegar a essa fase decisiva, os cientistas que trabalham no acelerador ainda terão que superar vários desafios nas próximas semanas e, principalmente, garantir que não aconteçam mais problemas técnicos, como o que há 14 meses causou uma grave avaria, apenas nove dias após o início do experimento.

Sobre isso, o diretor dos aceleradores do CERN, Steve Myers, se mostrou confiante ao afirmar que "o LHC é uma máquina muito melhor de entender do que era há um ano" e que, desde então, sua equipe "aprendeu dessa experiência e desenvolveu a tecnologia que nos permite seguir adiante".

Esta grande invenção, considerada uma façanha da ciência, custou cerca de 4 bilhões de euros e sua construção significará 12 anos de trabalho e a colaboração de 7 mil cientistas.

Espera-se que o primeiro teste bem-sucedido da sexta-feira à noite signifique um ponto de partida, desta vez sem interrupções, até o ponto alto do experimento.

Assim, o primeiro passo consistiu no lançamento de um feixe de prótons no sentido horário e que deu uma volta completa pelo túnel do acelerador, de 27 quilômetros de comprimento e situado a 100 metros de profundidade sob a fronteira entre Suíça e França.

Embora satisfeito, porque é um marco que mostra que se está no caminho certo, o diretor-geral do Cern, Rolf Heuer, reconheceu que "ainda resta um trecho a percorrer antes que a física comece".

A retomada do funcionamento do LHC aconteceu em meados do ano e, desde então, foi avançando gradualmente. A primeira coisa foi chegar à temperatura de -271 graus Celsius, necessária para que o acelerador esteja operacional, o que foi conseguido em 8 de outubro.

No dia 23 daquele mês, foram inseridas as partículas, mas estas não circularam, e, em 7 de novembro, foram colocadas em movimento por trechos.

Em dentro de uma semana, aproximadamente, deve acontecer o próximo passo fundamental: colisões a baixa velocidade de feixes de prótons que circularão em direções opostas, um teste que trará dados que permitirão aos cientistas calibrar seus trabalhos posteriores.

Esse momento será muito significativo, já que, até agora, todas as informações registradas pelos detectores provêm de raios cósmicos, explicou o Cern.

A análise da informação e os ajustes necessários continuarão durante mais algumas semanas, até chegar o momento de utilizar uma alta energia e se preparar, assim, para colisões a 7 TeV (teraelétron-Volts) - 3,5 TeV por feixe - no próximo ano.

Quando o LHC funcionar a pleno rendimento, serão recriados os instantes posteriores ao Big Bang, o que dará informações-chave sobre a formação do universo e confirmará ou rebaterá a teoria padrão da física, baseada no bosón de Higgs.

A existência dessa partícula, que deve seu nome ao cientista que há 30 anos previu sua realidade, é considerada indispensável para explicar por que as partículas elementares têm massa e por que as massas são tão diferentes entre elas.

EFE
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