segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ovnis: fenômenos não provam visitas de ETs, diz governo inglês

Tinham forma de charuto, disco, caixão ou não passavam de borrões reluzentes. Flutuavam de modo ameaçador, viajavam em velocidades impossíveis e desapareciam nas trevas do desconhecido ou, em certo caso, dentro de um arbusto na Cornualha. Alguns poucos deles transportavam formas de vida humanóides, ou assim parecia. Outros se materializaram por conta do fato de que as pessoas que os avistaram talvez tenham bebido algumas doses a mais, como no caso de um grupo de luzes avistadas se movendo no céu pelos fregueses de um pub em Kent.

O que quer que fossem esses fenômenos reportados ao Ministério da Defesa britânico ao longo dos anos e revelados este mês, quase certamente não eram veículos aéreos extraterrestres pilotos por seres alienígenas. "O governo disse a verdade o tempo todo", declarou David Clarke, professor de jornalismo na Universidade Sheffield Hallam que nas horas vagas pesquisa sobre os Objetos Voadores não Identificados (ovnis). "Há muita coisa estranha no céu, e algumas delas não temos como explicar ¿ mas não existe uma sombra de prova de que alienígenas nos tenham visitado alguma vez".

O que, francamente, chega a deprimir um pouco ¿ mais ou menos como as explicações prosaicas do governo para as décadas de meticuloso registro de relatórios sobre a presença de ovnis. "Nós só verificamos essas informações sob a perspectiva de garantir que o nosso espaço aéreo militar não tenha sido penetrado, e praticamente nunca acontecem penetrações em nosso espaço aéreo", disse uma porta-voz do Ministério da Defesa.

A porta-voz, que solicitou que seu nome não fosse divulgado em respeito a regras governamentais, disse que o ministério havia começado a divulgar os arquivos em público porque a Lei de Liberdade de Informação que está em vigor no Reino Unido havia levado a grande número de pedidos de dados sobre os supostos ovnis.

Os arquivos referentes ao período 1978-2002 estão sendo divulgados este mês. Alguns dos arquivos mais antigos já estavam abertos ao público, e os restantes serão divulgados nos próximos anos. Disponíveis via Internet no site ufos.nationalarchives.gov.uk, eles cobrem centenas de episódios. Boa parte do material consiste de formulários de uma página que oferecem detalhes como a dimensão do suposto aparelho e o que ele aparentava estar fazendo, se alguma coisa.

Uma cidadã descreve seu choque e espanto diante de um pequeno "objeto em forma Vulcan" flutuando no céu. Outra testemunha conta que foi acordada pela luz brilhante que emanava de um ovni "do tamanho de uma base de garrafa de leite".

E, da Cornualha, um motorista de 28 anos informa sobre uma luz amarela que "oscilava e se agitava" por sobre uma estrada, uma imagem que traz à mente o modo de deslocamento da fada Sininho, em "Peter Pan". "A luz mudou de cor, para um tom de púrpura, antes de desaparecer em um arbusto", informa o relatório.

Os arquivos incluem recortes aleatórios de jornais, com artigos que definitivamente não são notáveis pelo rigor jornalístico. Uma reportagem publicada em1986 pelo Daily Mirror informava que a luz de "um objeto vermelho incandescente" havia invadido o posto de pilotagem de um jato da Real Força Aérea que transportava o príncipe Charles, enervando seriamente o piloto. O jornal comenta que "o príncipe Philip vem acompanhando atentamente as notícias sobre os ovnis já há 36 anos".

Existem muitas cartas longas repletas de perguntas sérias. "Quando um disco voador não é um disco voador?", pondera um dos missivistas. "E a nave-mãe é obra do homem ou veio de um planeta distante?" Alguns entusiastas dos ovnis dizem acreditar que o governo britânico não tenha divulgado todos os arquivos, e que continua a esconder a verdade sobre uma imensa operação de acobertamento destinada a iludir o público do país.

Mas Joe MacGonagle, que se descreve como pesquisador de ovnis em Londres, disse que na verdade os documentos, em lugar de ocultar alguma coisa, simplesmente revelam que o governo não havia investigado as informações corretamente, para começar.

"Muita gente imaginava que houvesse esse imenso projeto sobre ovnis, com muita gente trabalhando nisso, quando na verdade era só um funcionário público que cuidava do assunto, e dedicava talvez 25% de seu tempo a arquivar informações", ele disse.

As autoridades nem sempre encararam como brincadeira as denúncias sobre ovnis. Nos anos 50, o governo criou um comitê secreto, o Grupo de Trabalho sobre Discos Voadores, para investigar as denúncias sobre ovnis. A conclusão foi a de que as supostas aparições eram ilusões de ótica, fenômenos climáticos, aviões vistos de ângulos estranhos, ou coisas semelhantes, e essa vem sendo a posição do governo desde então.

Em 1919, a Câmara dos Lordes debateu a questão, a pedido do conde de Clancarty, que acreditava que o homem descendesse de alienígenas que chegaram à superfície vindos do núcleo da Terra por meio de túneis especiais, ou que tivessem chegado ao planeta em espaçonaves 65 mil anos atrás. Ele não era o único nobre a acreditar nesse tipo de teoria.

Mas nenhum dos relatos aristocráticos era tão detalhado quanto o de um soldado reformado de 78 anos, morador de Aldershot. Ele contou que estava pescando em 1983 e foi abordado por dois seres de um metro de altura, vestidos em uniformes verdes e com grandes capacetes. Eles o conduziram à nave em que vieram e, depois de refletir sobre se deveriam ou não submetê-lo a experiências científicas, disseram que podia partir, porque era velho e frágil demais para servir aos seus propósitos de pesquisas.

O homem não fez perguntas, por medo de ofender, e voltou à pescaria. Seu chá tinha esfriado. "Ele relutou em contar a história à família", afirma o relatório. "E disse que sabia que sua mulher não o deixaria mais pescar, se o fizesse".

Desenho foi criado por homem de 78 anos, que diz ter entrado no disco e conversado com ETs
Desenho foi criado por homem de 78 anos, que diz ter entrado no disco e conversado com ETs

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