quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Explosão misteriosa reforçou brilho de estrela

As estrelas estão equipadas de camadas como as múltiplas peles de uma cebola, e essas camadas se destacam delas em explosões ferozes antes do golpe final, e mortífero - uma supernova -, que as transforma em buracos negros, de acordo com uma nova teoria sobre a morte de estrelas. Essas explosões repetitivas são poderosas demais para que a causa sejam os ventos estelares, como se acreditava anteriormente, de modo que devem provir de uma nova espécie de explosão originada no interior da estrela, dizem os astrônomos.

A teoria foi proposta recentemente em um estudo comandado por Nathan Smith, astrônomo da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Usando telescópios de base terrestre, Smith decidiu observar de mais perto a Nebulosa de Homunculus, formada por material ejetado durante a explosão da Eta Carinae, a mais luminosa estrela da Via Láctea, que se localizava naquele quadrante espacial e explodiu em 1843. A explosão causou um ganho súbito e misterioso de brilho na estrela.

Na nebulosa, Smith localizou novos fachos de gás de velocidade mais alta - rápida demais para que seja possível propor os ventos estelares como explicação.

"Ainda não sabemos qual é o mecanismo que daria início à explosão, para começar", disse Smith, "mas ao menos agora sabemos que aconteceu uma explosão que temos de explicar". O novo estudo foi publicado pela revista Nature.

O dobro da potência
Os pesquisadores já haviam observado explosões não fatais em outras estrelas em estágio avançado de sua existência. Ocasionalmente conhecidas como "supernovas impostoras", suas explosões são ainda menos compreendidas que as das supernovas.

Usando dois telescópios no Observatório Inter-Americano de Cerro Tololo e do Observatório Internacional Gemini, no Chile, Smith observou uma vez mais a Nebulosa de Homunculus e outra casca de material ejetado, cuja idade é estimada em cerca de mil anos.

A maior parte do material ejetado pelas duas detonações está se deslocando a velocidades baixíssimas, da ordem de 2,4 milhões de quilômetros por hora (ou 1.040 quilômetros por segundo). Mas os filamentos de gás que Smith acaba de descobrir estão se movendo muito mais rápido, e começam a se aproximar do material ejetado na explosão de mil anos atrás. A descoberta potencialmente duplica a potência da erupção da Eta Carinae.

Sem novidade?
Douglas Currie, astrofísico da Universidade de Maryland em College Park, reportou alguns jatos de gás de alta velocidade em Homunculus já em 2002, mas diz que a velocidade informada pelo novo estudo é significativamente maior - possivelmente o dobro - do que havia sido constatado anteriormente.

Ele não concorda em que a teoria de Smith represente inovação, porque outros pesquisadores já haviam desconfiado de causas diferentes do vento estelar para o movimento em alta velocidade de gases.

"Eu diria que se trata de uma nova e forte prova que demonstra que a explosão em questão foi de um tipo diferente", ele afirmou.

Mas Smith, o líder do projeto, disse que as velocidades descritas anteriores ficavam no limite extremo do que poderia ser produzido pelos ventos estelares, e que as novas velocidades, ainda que apenas ligeiramente mais rápidas, engendram novas questões.

Ele disse que os resultados "podem alterar nossa interpretação quanto ao acontecido no evento de 1843, e o que isso acarreta para nossa compreensão das estrelas mais maciças".

"Isso significa essencialmente, que ainda não compreendemos plenamente o que acontece no interior profundo das estrelas maciças pouco antes de sua extinção", ele afirmou.

Tradução: Paulo Migliacci

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