segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Nasa: reparos deixarão o Hubble ainda mais poderoso

A quinta e última viagem de uma tripulação de ônibus especial norte-americana com o objetivo de reparar e modernizar o Telescópio Espacial Hubble vai tornar o histórico telescópio ainda mais poderoso, anunciaram dirigentes da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa).

Uma missão do ônibus espacial marcada para a metade de outubro vai transportar novos componentes e conduzir extensos reparos espaciais - em um procedimento inédito - de alguns instrumentos quebrados que estão integrados ao observatório espacial orbital.

Com a aposentadoria da frota de ônibus espaciais da Nasa, a viagem será quase certamente a última oportunidade para que astronautas alterem e melhorem o telescópio que ajudou cientistas a determinar a idade do universo - 137 bilhões de anos - e popularizou imagens do espaço profundo.

"Caso consigamos de fato reparar os dois instrumentos quebrados (uma câmera e um espectrógrafo), estaremos na posição de dispor de cinco instrumentos plenamente funcionais pela primeira vez desde que o Hubble foi lançado", 18 anos atrás, disse Edward Weiller, diretor da divisão de ciência da Nasa. "Teremos o melhor Hubble de todos os tempos, não resta dúvida a respeito", disse Weiler a repórteres durante uma conversa em 8 de setembro no Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, em Greenbelt, Maryland.

A missão tem por meta estender a vida do telescópio espacial em cinco anos. Mas Weiler disse que os reparos talvez consigam mantê-lo em funcionamento por até uma década adicional.

Reparos no Hubble
Lançado em 1990, o Hubble foi construído com alças de apoio para mãos e barras de retenção para os pés, o que permite que astronautas trabalhem nele, no espaço. Mesmo assim, as missões anteriores de reparos e de modernização envolveram apenas a instalação de novos componentes e a remoção de outros.

O plano de reparar a câmera e o espectrógrafo defeituosos durante as caminhadas espaciais da missão do mês que vem é inédito para a Nasa, de acordo com dirigentes da organização.

Os instrumentos "não foram projetados de maneira a facilitar reparos... da maneira que pretendemos fazer", disse John Grunsfeld, um astronauta do programa do ônibus espacial da Nasa que já visitou o Hubble duas vezes, entre as cinco missões espaciais de que participou.

Em entrevista coletiva no dia 9 de setembro, ele brincou dizendo aos jornalistas que "eles vão me mandar de volta ao espaço porque esqueci uma ferramenta essencial dentro do telescópio e só eu sei como encontrá-la".

111 parafusos
Depois que o ônibus espacial, o Atlantis, se encontrar em órbita com o telescópio espacial, em outubro, o astronauta Mike Massimino substituirá o revestimento de um painel eletrônico em um espectrógrafo do Hubble que deixou de funcionar em 2004.

Espectrógrafos medem os comprimentos de onda e a cor da luz proveniente de objetos, revelando informações essenciais tais como a composição química de corpos celestes e dos gases que os cercam.

O elaborado trabalho de reparo do aparelho vai exigir que Massimino remova 111 parafusos, usando uma ferramenta especialmente criada para esse trabalho.

Entre os instrumentos adicionais que ao astronautas da Nasa instalarão no Telescópio Espacial Hubble durante a missão de reparos e modernização estão:

- Um novo espectrógrafo, mais sensível às faixas de onda do extremo ultavioleta, o que permitiria que o Hubble vasculhe de maneira mais profunda a estrutura em larga escala do universo.
- Novos giroscópios e baterias que manterão o satélite abastecido de energia e posicionado de maneira correta.
- Um mecanismo para que um foguete se acople ao Hubble e o conduza em segurança na direção da Terra, quando o telescópio enfim vier a ser desativado.

Segurança em primeiro lugar
O Hubble, que hoje orbita a cerca de 560 km acima da Terra, não recebe manutenção desde 2002. Preocupações de segurança causadas pela destruição do ônibus espacial Columbia, em 2003, retardaram a realização dessa missão final de reparos, que havia sido marcada inicialmente para 2004 e posteriormente adiada para 2006.

Durante a missão marcada para outubro, um segundo ônibus espacial - o Endeavor - estará pronto para lançamento em caso de necessidade, e poderá ser enviado ao espaço para socorrer os sete tripulantes da Atlantis em caso de problemas.

Depois do desastre da Columbia, todas as missões espaciais tripuladas norte-americanas contam com planos de resgate espacial em caso de necessidade.

As missões posteriores ao desastre do Columbia que o programa do ônibus espacial realizou até o momento se destinavam todas à Estação Espacial Internacional, que é considerada como um refúgio seguro para os astronautas caso algum problema impeça o retorno de sua espaçonave à Terra.

Mas a estação espacial fica longe demais do Hubble para que possa ser utilizada para fins de resgate, o que torna necessário manter preparado para lançamento o segundo ônibus espacial.

Tradução: Paulo Migliacci

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